quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Chrysti – Capítulo 6


Tinha uma banheira no banheiro do meu quarto, eu enchi de água e sabão e entrei dentro dela, adormeci.
Depois de algumas horas acordei com muita angústia, uma sensação de vazio imensa, algo parecido com depressão, dava a impressão que o meu coração havia sido arrancado. Sinto saudades de minha mãe.
Não sei ao certo o que  aconteceu. Quando olhei do meu lado, a “coisa” estava lá, me olhando e segurando um copo de leite quente.
- Eu fiquei aqui esperando a senhora, fiz leitinho para te agradar.
Fiquei sem fala, apenas tomei o leite…
No dia seguinte perguntei para algumas amigas o que tinha acontecido e elas relataram que eu fiquei muito doida. Peguei carona com um homem muito conhecido da rapaziada, que também era usuário, só que ele usava cocaína injetada, onde o efeito é tão potente quanto o crack.
Disseram que eu saí com ele em seu carro e não voltei mais. Realmente não sei o que aconteceu não me lembro de nada.
Quando uso o crack sinto uma euforia, alegria, fico confiante, minha energia aumenta e eu desejo cada vez mais o crack. Daria tudo o que tenho por uma pedra do meu amor, meu grande amor…. o crack.
Algumas amigas dizem que o hit da droga é o máximo. Eu amo o crack, amo a sua sensação, mas ao mesmo tempo odeio, não sei explicar.
Cheguei ao extremo de ficar três dias sem dormir, enquanto  sob o efeito do crack, fico totalmente agitada e a paranóia é muito grande. Tive muitas alucinações e o monstro estava dentro delas…
Quando o efeito acaba, a necessidade de usar novamente é maior do que o mundo, maior do que o universo!!! A gente precisa da pedra de novo, será ninguém entende isso?

Numa noite, tinha feito um programa com um homem rico e casado, eu nem me importava se era casado, eu queria o dinheiro dele. Ele me pagou muito bem, daria para sustentar o meu vício por uma semana. Quando eu saí do seu carro, parei na calçada a fim de conseguir outro cliente. Senti como se bichos estavam rastejando sob a minha pele, eu estava sob efeito da droga, mas nunca havia sentido isso. Uma sensação horrível, bichos e vermes no meu corpo e bichos correndo atrás de mim.
Essa noite não terminava nunca, eu andava e corria por todo lado e eles me achavam, me escondi em uma lixeira grande e fiquei parada esperando o dia amanhecer. Eu adormeci e pela manhã com o sol em meu rosto, saí da lixeira e fui para casa. Meu corpo estava coberto de restos de comida, eu tinha um cheiro horroroso. Mas sempre pensei:
-Eu paro quando quiser, tenho domínio sob o crack.
O tempo foi passando e eu não saía dessa vida. Afinal eu não queria parar porque quando quisesse eu pararia, tinha domínio sob a droga e sob a minha vida. Era como eu pensava…

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